Se você achava que fenômenos geológicos impressionantes só aconteciam em filmes, a Etiópia acaba de provar o contrário. O monte Hayli Gubbi, que fica na região nordeste do país, teve uma erupção vulcânica inédita, depois de ficar “dormindo” por um período estimado entre 10 a 12 mil anos. É o primeiro registro de atividade desse vulcão em toda a história humana recente.

A força do evento foi tanta que a coluna de cinzas chegou a 13 ou 15 quilômetros de altura e a nuvem conseguiu atravessar o Mar Vermelho, atingindo outros países.

A geologia por trás do despertar

O que fez esse gigante adormecido acordar? O vulcão está posicionado em uma área chave: o Vale do Rift. Esta é uma zona onde duas placas tectônicas estão constantemente se separando, gerando uma intensa movimentação geológica. A Etiópia, em particular, é famosa pela alta frequência de terremotos e pela concentração de vulcões ativos ou inativos.

Os cientistas ainda estão analisando o que desencadeou o evento, mas o contexto do Vale do Rift aponta para alguns processos gerais que podem ter contribuído, como:

  • Acúmulo de pressão: Milhares de anos de acúmulo gradual de pressão magmática nas câmaras subterrâneas.
  • Movimento das placas: A intensa movimentação das placas tectônicas africana e arábica, que aumenta a atividade sísmica na região de Afar.
  • Rotas de fuga do magma: Abertura de fraturas profundas no solo que facilitaram a ascensão do magma até a superfície.

O pânico na comunidade e o impacto econômico

A reação da população local foi de pânico imediato. Moradores próximos relataram ter ouvido sons ensurdecedores, seguidos de tremores muito fortes, antes mesmo de conseguirem ver a fumaça e as cinzas. Para eles, era um evento totalmente inédito, sem qualquer relato ou memória de atividade naquele vulcão específico.

Embora as autoridades tenham confirmado que, felizmente, não houve vítimas fatais, o impacto econômico já é sentido. As cinzas cobriram diversas aldeias, o que está dificultando o acesso de rebanhos a pastagens e fontes de água potável, prejudicando quem depende da criação de animais para sobreviver.

O longo alcance das cinzas vulcânicas

A erupção foi tão potente que a dispersão do material vulcânico superou as expectativas, com partículas viajando milhares de quilômetros, levadas pelas correntes de vento.

Centros de monitoramento atmosférico registraram que a nuvem de cinzas ultrapassou as fronteiras etíopes e atingiu as seguintes regiões:

  • Iêmen: A nuvem atravessou o Mar Vermelho, causando uma redução visível na visibilidade atmosférica.
  • Omã: Partículas finas suspensas no ar foram detectadas, comprometendo a qualidade do ar no ambiente.
  • Índia e Paquistão: Sensores de alta altitude captaram vestígios microscópicos das cinzas, provando o quão longe o material foi transportado.

A inatividade de 12 mil anos

Um período de dormência de 12 mil anos é algo gigantesco, mesmo para a escala geológica. Especialistas em vulcanismo explicam que alguns vulcões permanecem inativos por eras completas por causa do resfriamento das câmaras de magma e pela falta de “gatilhos” tectônicos que forcem a erupção.

O monte Hayli Gubbi não tinha registros de erupções durante todo o Holoceno, a era geológica atual. Sua reativação, apesar de estar em uma região geologicamente turbulenta como o Vale do Rift, não era esperada. Isso torna o evento um marco científico para entender melhor os longos ciclos de erupção.

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Jornalista com registro no MT desde 2022, atuando na área desde 2019. Produtor de eventos desde 1998 e desenvolvedor web desde 2007, com foco em WordPress e conteúdo digital. No Pista Livre, é responsável pela criação, edição e estratégia dos conteúdos.