O que pegou depois do 6 a 0 não foi nem o placar. Foi a sensação de que alguém finalmente falou o que muita gente dentro do clube vinha engolindo. O desabafo de Luiz Gustavo parecia coisa de vestiário quente, mas virou um raio-x nada confortável da bagunça tricolor. E bastou o volante abrir a boca para a diretoria correr atrás do microfone.

A parte mais curiosa não foi o jogador assumir a própria culpa. Foi ele jogar luz onde ninguém toca: gente que manda no clube, mas não aparece quando o barco balança. A torcida, que já anda com o pavio curto, mordeu na hora. Virou quase um “finalmente alguém falou”.

Aí chegou Rui Costa, às pressas, tentando colocar panos quentes. Disse que o volante só estava tomado pela emoção, que todo mundo é responsável, que não é hora de apontar dedo. Soou mais como tentativa de apagar incêndio do que como resposta firme. O público percebeu e tratou como aquele velho discurso com cheiro de repetição.

No fim das contas, o que mais repercutiu não foi a vergonha no Maracanã. Foi a disputa silenciosa por narrativa. De um lado, um jogador que não sabe nem se fica em 2026, mas teve coragem de expor incômodos antigos. Do outro, a diretoria tentando minimizar para evitar que vire crise política.

O clima agora é de rachadura exposta. A goleada só empurrou a porta. Quem abriu mesmo foi Luiz Gustavo, e o São Paulo corre para fingir que nada quebrou. Mas quebrou. E o torcedor sentiu.

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Jornalista com registro no MT desde 2022, atuando na área desde 2019. Produtor de eventos desde 1998 e desenvolvedor web desde 2007, com foco em WordPress e conteúdo digital. No Pista Livre, é responsável pela criação, edição e estratégia dos conteúdos.