A crítica ao AeroFla nem tinha ganhado tanta tração, até que Mauro Cezar resolveu abrir o microfone e virar o jogo. Bastou ele ouvir um comentarista dizendo que aquela festa no aeroporto “não aconteceria em São Paulo porque lá as pessoas trabalham” para a paciência dele evaporar. O tom saiu de análise para indignação em segundos.
Para Mauro, a frase não foi só infeliz. Foi um retrato de um preconceito velho, que insiste em pintar carioca como vagabundo. Ele chamou o autor de “imbecil” repetidas vezes e não aliviou ao cobrar coerência. Lembrou que manifestações durante o horário comercial acontecem em qualquer grande cidade, inclusive em São Paulo, e que usar isso como régua para desmerecer o Rio é pura má vontade.
A resposta veio carregada de imagens do cotidiano que qualquer morador do Rio reconhece. Mauro citou a Avenida Brasil ainda de madrugada, ônibus lotados descendo para o Centro e para a Zona Sul, e fez questão de reforçar que ninguém ali está indo pegar sol. É trabalhador acordando antes do dia nascer, fazendo milagre para cumprir rotina.
Ele também lembrou que todo lugar tem gente que ajusta horário, sai mais cedo, falta, é autônomo ou está desempregado. Sempre haverá quem consiga aparecer num AeroFla, e isso não transforma a cidade num bloco de ociosos. É simplesmente a lógica de mobilização de torcida, igual em qualquer estado.
No fim, Mauro deixou um último recado, talvez o mais direto: essa conversa toda, na visão dele, não passa de recalque. A magnitude do Flamengo incomoda demais, e a tentativa de diminuir a festa virou munição para um desabafo que, pelo visto, estava entalado fazia tempo.
